O delegado-geral da Polícia Civil, Marcos Carneiro Lima, revelou ontem que pessoas assassinadas na atual onda de violência no Estado tiveram informações sobre seus antecedentes criminais pesquisadas horas ou dias antes de acontecerem os crimes. Segundo ele, há indícios da existência de grupos de extermínio em São Paulo. "Isso é muito emblemático", salientou Carneiro. As investigações, no entanto, ainda não podem indicar quem são esses grupos. "Não tem como identificar os policiais que fizeram o pedido das informações porque eles alegam que são feitas milhares de pesquisa e não dá para detectar. Vamos mudar isso." Segundo Carneiro, o DHPP (Departamento de Homicídio e Proteção à Pessoa) levantou que os pedidos de informações partiram de policiais da Capital e as pesquisas feitas na Grande São Paulo, em cidade não revelada. O Grande ABC registrou nas últimas três semanas cerca de 28 assassinatos. No Estado, os homicídios tiveram aumento em setembro. As características dos crimes são idênticas: geralmente uma dupla em uma moto com os rostos cobertos efetua os disparos por arma de fogo. "O homicídio no mundo inteiro tem um padrão de investigação. Você parte da vítima para chegar no assassino. Em São Paulo quem tem interesse em matar um único alvo no boteco, mata mais inocentes." "A própria sociedade, ao receber a informação de que oito homicídios aconteceram em um curto espaço de tempo, em um espaço geográfico pequeno, sabe que é porque alguma coisa estranha está acontecendo. O criminoso é covarde. Ele mata e foge do local. Ele não mata e fica matando várias vezes. Não mata e recolhe os estojos dos projéteis depois para não fazer prova", disse o delegado-geral. O governador Geraldo Alckmin (PSDB) admitiu no mês passado que poderia haver a participação de policiais nos homicídios. Durante sua posse ontem, no Palácio dos Bandeirantes, o novo secretário da Segurança Pública, Fernando Grella Vieira, prometeu integrar o trabalho das policias Militar e Civil e melhorar a imagem delas junto à população, aumentando o diálogo com as entidades e a sociedade. "Precisamos desfazer a noção equivocada de que o combate firme ao crime e o respeito aos direitos humanos são excludentes. Não são", garantiu o secretário. "Nunca teve chacina nos Jardins bairro nobre da Capital porque é mais fácil matar pobre. Ainda existe uma parte da sociedade que acha que matar pobre é matar o marginal de amanhã. Isso é uma visão preconceituosa que legitima essa ação de matar", opinou Carneiro, que colocou o cargo à disposição após a saída de Antônio Ferreira Pinto da Pasta, na quarta-feira.
quinta-feira, 22 de novembro de 2012
Delegado-geral da Polícia Civil faz desabafo
O delegado-geral da Polícia Civil, Marcos Carneiro Lima, revelou ontem que pessoas assassinadas na atual onda de violência no Estado tiveram informações sobre seus antecedentes criminais pesquisadas horas ou dias antes de acontecerem os crimes. Segundo ele, há indícios da existência de grupos de extermínio em São Paulo. "Isso é muito emblemático", salientou Carneiro. As investigações, no entanto, ainda não podem indicar quem são esses grupos. "Não tem como identificar os policiais que fizeram o pedido das informações porque eles alegam que são feitas milhares de pesquisa e não dá para detectar. Vamos mudar isso." Segundo Carneiro, o DHPP (Departamento de Homicídio e Proteção à Pessoa) levantou que os pedidos de informações partiram de policiais da Capital e as pesquisas feitas na Grande São Paulo, em cidade não revelada. O Grande ABC registrou nas últimas três semanas cerca de 28 assassinatos. No Estado, os homicídios tiveram aumento em setembro. As características dos crimes são idênticas: geralmente uma dupla em uma moto com os rostos cobertos efetua os disparos por arma de fogo. "O homicídio no mundo inteiro tem um padrão de investigação. Você parte da vítima para chegar no assassino. Em São Paulo quem tem interesse em matar um único alvo no boteco, mata mais inocentes." "A própria sociedade, ao receber a informação de que oito homicídios aconteceram em um curto espaço de tempo, em um espaço geográfico pequeno, sabe que é porque alguma coisa estranha está acontecendo. O criminoso é covarde. Ele mata e foge do local. Ele não mata e fica matando várias vezes. Não mata e recolhe os estojos dos projéteis depois para não fazer prova", disse o delegado-geral. O governador Geraldo Alckmin (PSDB) admitiu no mês passado que poderia haver a participação de policiais nos homicídios. Durante sua posse ontem, no Palácio dos Bandeirantes, o novo secretário da Segurança Pública, Fernando Grella Vieira, prometeu integrar o trabalho das policias Militar e Civil e melhorar a imagem delas junto à população, aumentando o diálogo com as entidades e a sociedade. "Precisamos desfazer a noção equivocada de que o combate firme ao crime e o respeito aos direitos humanos são excludentes. Não são", garantiu o secretário. "Nunca teve chacina nos Jardins bairro nobre da Capital porque é mais fácil matar pobre. Ainda existe uma parte da sociedade que acha que matar pobre é matar o marginal de amanhã. Isso é uma visão preconceituosa que legitima essa ação de matar", opinou Carneiro, que colocou o cargo à disposição após a saída de Antônio Ferreira Pinto da Pasta, na quarta-feira.
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