domingo, 1 de junho de 2014

Black blocs prometem caos na Copa do Mundo e querem ajuda do PCC

Ativistas dizem que não se trata de parceria, mas de uma "soma de esforços"





Integrante ouvido pela reportagem afirma que o Estado tem colocado caos na periferia por meio da violência policial19.09.2013/Alex Silva/Estadão Conteúdo


    Os black blocs que executaram as ações de grande repercussão do  ANO PASSADO continuam fora do radar da polícia e prometem transformar a Copa do Mundo "num caos". Para isso, alguns deles esperam que o PCC (Primeiro Comando da Capital), a organização que domina os presídios paulistas e emite ordens para criminosos soltos, também entre em campo. Não se trata de uma parceria, mas de uma soma de esforços.
Com o compromisso de não identificá-los, a reportagem ouviu 16 desses black blocs, em seis encontros, na última semana.
Com o compromisso de não identificá-los, a reportagem ouviu 16 desses black blocs, em seis encontros, na última semana.

À diferença dos adolescentes que os imitaram em depredações, e que acabaram arrolados em um inquérito do Deic (Departamento Estadual de INVESTIGAÇÕES CRIMINAIS, eles são adultos, seguem tática desenvolvida há décadas na Europa e nos Estados Unidos, não têm página no Facebook nem querem aparecer.
Dos 20 que formam o núcleo da rede, apenas um foi fichado, porque foi detido em uma manifestação. Movem-se na sombra do anonimato, articulam-se nacionalmente, e nunca haviam dado entrevista antes. Preocupados com sua imagem perante a opinião pública, decidiram falar, pela primeira vez.

O mais veterano deles, de 34 anos, formado em história na USP e com matrícula trancada no CURSO DE PSICOLOGIA promete:

— Vamos estourar de novo agora.

"A gente vai devolver o troco na moeda que o Estado impõe", ameaça o ativista, que trabalha para um hospital público de São  PAULO

— O caos que o Estado tem colocado na periferia, por meio da violência policial, na saúde pública, com pessoas morrendo nos hospitais, na falta de EDUCAÇÃO na falta de dignidade no transporte, na vida humana, é o caos que a gente pretende devolver de troco para o Estado. E não na forma violenta como ele nos apresenta. Mas vamos instalar o caos, sim. Esse é um recado para o Estado.

O veterano continua, lembrando as ações do PCC na década passada.
— A gente tem certeza de que o crime organizado, o PCC, vai causar o caos na Copa, e a gente vai puxar para o outro lado. Não temos aliança nem somos contra o PCC. Só que eles têm PODER DE FOGO muito maior do que o MPL (Movimento Passe Livre, que iniciou as manifestações, há um ano, com ajuda dos black blocs). Pararam São Paulo.

As informações são do jornal O Estado de S. Paulo.

sexta-feira, 30 de maio de 2014

Por reajuste, PMs de São Paulo marcam protesto para o dia 4

As 17 associações que representam soldados, cabos e oficiais da Polícia Militar do Estado de São Paulo marcaram para o próximo dia 4, quarta-feira, uma manifestação na frente do Palácio dos Bandeirantes, sede do governo paulista localizada no Morumbi (zona sul da capital). O protesto será contra a proposta de reajuste salarial de 0% apresentada às categorias, segundo informou na tarde desta terça-feira, 27, a Associação de Cabos de São Paulo.
O protesto deve reunir apenas oficiais da reserva e familiares dos militares, uma vez que eles não podem participar de manifestações. Policiais de outros Estados, como Pernambuco e Bahia, chegaram a cruzar os braços neste ano durante negociações trabalhistas. Porta-voz da Coordenação das Entidades Representativas da Polícia Militar, o coronel da reserva Sérgio Payão afirma, no entanto, esperar que a manifestação seja "suficiente para sensibilizar o governo" sobre as necessidades de reajuste da categoria. "A tropa está revoltada e o movimento pode se transformar em uma greve", afirmou o PM.
"Acontece que a categoria não quer fazer greve. Na Bahia, em uma semana de greve, morreram 59 pessoas. É o número de mortes em São Paulo durante três dias. Queimaram 12 ônibus. Aqui, seriam 30. O efeito de uma greve é tão prejudicial que a própria polícia poderia ter dificuldade em colocar ordem na casa", continua Payão. O coronel afirma que os policiais querem 13% de reajuste. "Daria um aumento de R$ 450 aos solados", diz. "O impacto seria de 1,04% no Orçamento do Estado." Payão continua: "São Paulo já tem um dos salários mais baixos do Brasil. O soldado recebe R$ 2.608. Mesmo com o adicional de insalubridade, dá R$ 3.100, aproximadamente. O salário em Sergipe é de R$ 3.700. Em Minas, R$ 4.700. No Distrito Federal, de R$ 5.200. Sem contar que em Brasília há um PM para cada 180 habitantes, enquanto aqui há um para cada 507. Uma carga de trabalho três vezes maior".

Policiais Militares de São Paulo marcaram protesto para o dia 4 (Foto: Luiz Torres/DL)

Policiais Militares de São Paulo marcaram protesto para o dia 4 (Foto: Luiz Torres/DL)

Os policiais estudam a possibilidade de iniciar uma operação padrão caso as discussões não avancem. Significa que viaturas sem condições - como as que tem pneus carecas ou rodam em seguro obrigatório em dia - deixariam de ser usadas. "Já tivemos oito reuniões para tratar do aumento. Quando chegamos a um índice, que foi levado para o governador, Geraldo Alckmin disse não. O Estado vai dizer que, nos últimos três anos, tivemos aumento de 36,94%, acima da inflação. Mas o aumento real é muito baixo", completou Payão.
Em resposta ao Estado, a Secretaria de Segurança Pública usou o índice citado por Payão. "Na atual gestão foram concedidos três aumentos salariais, o que representa um reajuste acumulado de 36,59%, quase o dobro da inflação do período, que foi de 19,38%, de acordo com o IPCA", diz nota enviada pela secretaria. A nota não cita possibilidade de retorno às negociações com os policiais. As entidades representantes dos PMs afirmam que, no dia 4, devem trazer ônibus com representantes do interior do Estado. A secretaria afirma ainda que "que não é verdade que será 0% de reajuste. As negociações estão em andamento". Mas, questionada especificamente sobre a agenda das supostas negociações (e o dia da próxima reunião com as entidades), a assessoria de imprensa do órgão disse não ter informações sobre a data.